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Economia: um crescimento menor

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No segundo trimestre deste ano, a economia brasileira perdeu fôlego, de tal forma que pode até mesmo ter declinado seu Produto Interno Bruto (PIB) com relação ao primeiro trimestre.

Não é de surpreender, pois houve um excessivo crescimento nos primeiros meses deste ano, o que confundiu os analistas. Muitos acharam que a evolução nesse período passou a refletir um novo estágio das forças produtivas do país, que, nesse sentido, teriam transitado para um “crescimento chinês”. No entanto, tratou-se de um período atípico porque muitos fatores se apresentaram nos três primeiros meses e não seriam reproduzidos posteriormente.

A volta da confiança entre consumidores e empresários que animou o consumo e o investimento e o retorno do crédito fácil e das prestações longas foram os principais entre eles, mas os incentivos fiscais para a compra de veículos e outros bens duráveis também colaboraram. A indústria e o comércio se beneficiaram enormemente disso, o que impulsionou de forma concentrada no tempo o ritmo de atividade, gerando a falsa sensação de que estávamos diante de um crescimento muito maior.

Os sinais do segundo trimestre não deixam margem a dúvida. Um indicador de nível de atividade, o movimento de veículos pesados nas estradas brasileiras, caiu 0,4%, segundo dados não sazonais. Somente em junho, com relação a maio, a queda foi de 2,5%, indicando que o processo pode estar se agravando. Para o comércio, de acordo com a Associação Comercial de São Paulo, os dados preliminares são de que houve uma queda nas vendas a prazo de 1,7% no segundo trimestre com relação ao primeiro e, quanto às vendas à vista, essas ficaram estagnadas no mesmo período. Já no importante setor industrial de automóveis, o trimestre analisado registrou queda de produção de 3,1% depois do término dos incentivos. Na mesma direção, o indicador de nível de atividade da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) acusou retração de 1,9% em junho, denotando que, para o setor industrial brasileiro, o segundo trimestre foi significativamente pior em relação ao primeiro.

A princípio, não há que temer a queda de ritmo da economia, que apenas estaria refletindo uma transferência para o primeiro trimestre de um dinamismo que teria se apresentado de forma mais homogênea ao longo da primeira metade do ano. Sem os “fatores extras” do início do ano, devemos esperar uma evolução mais equilibrada neste semestre, de forma que, na média, o crescimento do PIB este ano chegue a algo como 6,5% a 7%. Será um bom crescimento, passível de cuidados a respeito de seu impacto sobre a capacidade de produção de alguns setores, mas nada explosivo como parecia ser à primeira vista.

Há outro lado da questão que preocupa. A desaceleração do crescimento não é neutra em seus reflexos sobre as decisões futuras de famílias e dos empresários. A confiança dos consumidores caiu 2,5% entre junho e julho pela pesquisa da Federação do Comércio de São Paulo (Fercomércio). Entre os empresários houve queda da confiança de 1,5% e a utilização da capacidade produtiva recuou de 85,5% para 85,1% no mesmo período, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV). Tendo continuidade, a piora da confiança de consumidores e investidores e o menor grau de utilização da capacidade podem desestimular as decisões de consumir e de investir. Nesse contexto, o Banco Central (BC), que aumentou fortemente as taxas de juros nos últimos meses, deve estar atento para avaliar se não abusou na dose do remédio. Na dúvida, seria mais seguro interromper desde já o ciclo de aperto monetário, tanto porque, lá fora, a expectativa é de baixo crescimento das economias desenvolvidas.

Publicado em 02/08/2010
(Julio Gomes de Almeida – Estado de Minas)

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