Retorno ao mercado pode contribuir financeiramente e emocionalmente
Depois de anos e anos de trabalho intenso, enfim a aposentadoria. Muitas vezes a realidade do aposentado está bem distante daquela que o salário de trabalhador ativo lhe proporcionava. E é preciso, então, correr atrás de outras fontes de renda, ocupações que garantam ao menos um bom padrão de vida.
Quando não é isso, bate a sensação de vazio e faz-se necessário investir em atividades que tragam prazer e satisfação pessoal. O advogado previdenciário Ney Araújo dá dicas de opções para quem está entrando nessa nova fase. “O aposentado pode não voltar como empregado. Ele pode constituir uma empresa de prestação de serviço ou ser autônomo. São opções interessantes”, recomenda.Além disso, Araújo ressalta que ansiedade e ociosidade podem ser combatidas através de um emprego, mesmo que não seja algo capaz de ocupar várias horas do dia. “Às vezes, a pessoa sonha que vai ser uma maravilha ficar com o tempo livre, mas a ociosidade torna-se um tormento. Percebe-se que pode criar um prejuízo de ordem emocional, deixar de ampliar os conhecimentos, de conquistar novas amizades. É importantíssimo manter uma atividade que dê um resultado financeiro e satisfatório”, enfatiza o advogado.
De toda maneira, ele lembra que existem aqueles que trabalham por necessidade – e que são a maioria no País. Logo, ser dono do próprio negócio é uma alternativa que não dá para ser tocada por todos.Engenheiro civil, Fernando Bastos, 59 anos, reúne as duas características de um aposentado que decide retornar à labuta. Ele sente prazer pelo que faz e percebeu o peso de uma redução no salário após afastar-se do seu emprego, em 2005. “Depois que me aposentei já passei por três ou quatro construtoras. Eu me sinto bem para produzir e faturar, mas também tenho sentido a pouca renda, porque antecipei meu afastamento com 33 anos (de contribuição), menos do que os 35 anos recomendados”, contou, dizendo que chegou a vender espetinho na rua para complementar a renda de casa. Sem maiores problemas, ele revelou que chegava a receber em torno de R$ 3 mil a R$ 5 mil e que, ao se aposentar, passou a ganhar na faixa de R$ 1,3 mil. Atualmente trabalhando para uma construtora em Sertânia (Sertão pernambucano), Fernando Bastos conseguiu repor a parte do dinheiro que perdeu.
Ney Araújo avisa, de qualquer jeito, que é importante estar atento para a formalização de contratos pós-aposentadoria, haja vista a possibilidade de que eles sirvam para acrescentar no tempo de contribuição ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). “Houve casos de vitória, onde a pessoa conseguiu ganhar mais através de um trabalho feito depois de estar aposentada”, explicou.
Publicado em 01/02/2010
(PAULO MARINHO – Folha de Pernambuco)










