Muita gente é surpreendida pela queda brusca na renda após a aposentadoria, mas a preparação para o futuro deve começar desde cedo.
“Estou começando a planejar”, diz um senhor.
“A pessoa tem que ter um recurso por fora, ou juntar ou investir em aplicações para ajudar na aposentadoria“, diz uma jovem.
Quando a gente fala em se planejar para a aposentadoria há dois aspectos que devem ser levados em consideração. Um deles é o que você quer fazer depois que parar de trabalhar. Essa questão alguns especialistas dizem que tem que ser pensada a partir dos 45, 50 anos.
Para responder essa pergunta é preciso saber qual é a área que mais quer se dedicar a partir de então: lazer, cultura, família ou até quem sabe ter uma nova carreira.
Mário Antônio de Sousa mora em Divinópolis, Minas Gerais. Ele se aposentou, mas teve que continuar na ativa. Como muitos brasileiros, seu Mário continuou trabalhando depois da aposentadoria porque não consegue viver com o salário de aposentado.
Ele nem precisou mudar de profissão. No caso dele, a renda caiu de R$ 1.100 para R$ 800. Para, pelo menos, manter o mesmo padrão de vida, só mesmo trabalhando.
“Eu não queria trabalhar, mas meu gasto vai além então eu preciso complementar”, diz Mário Antônio de Sousa, taxista.
“Se hoje eu preciso de um salário de 5 mil reais e preciso dele para viver eu não vou conseguir viver com o INSS. Eu tenho que complementar”, diz Renato Roizenblit, consultor de finanças pessoais.
Pelo INSS, quem se aposentou com salário de até R$ 2,5 mil recebe, na aposentadoria, um valor próximo ao salário que tinha. Acima disso, o rendimento mensal fica cada vez mais longe do antigo salário e o teto máximo é de R$ 3.416.
Para quem decide ter um salário complementar ao do INSS, atenção, pois tem que se planejar bem. Ao nosso pedido, um economista fez uma simulação.
Se você quer ter uma renda de R$ 1 mil além do INSS, terá que poupar, por 30 anos, R$ 380/mês. Para ter uma renda de R$ 5.000 vai ter que economizar, por 30 anos, R$ 2 mil.
Para quem começa mais tarde, mais complicado fica. Quem só tem dez anos para se aposentar, por exemplo, deve poupar R$ 1,9 mil para uma renda de R$ 1 mil por mês e R$ 9,6 mil para uma renda de R$ 5 mil por mês. Todos esses valores podem ter uma variação dependendo do tipo de investimento.
“Se é uma pessoa que está fazendo uma poupança para resgatar daqui a um ano, dois, três anos, a previdência privada é muito ineficiente. Eu recomendo fundos de investimentos. Se são pessoas que se planejam para 10 anos, a previdência privada traz o benefício fiscal, mas ela traz algumas limitações de políticas de investimento”, diz o consultor de finanças pessoais.
Algumas empresas têm se preocupado em oferecer aos funcionários um plano de aposentadoria complementar.
Fernando Dias, que presta atendimento de consultoria de carreiras, viu o número de empresas interessadas nesse tipo de programa crescer em 20% no ano passado. “A forma com que a empresa cuida destas pessoas na sua saída tem um reflexo bastante significativo também no clima de quem fica na organização”, diz.
A Maria Betânia de Moura trabalhou durante 30 anos com gestão de pessoas em um banco. Preocupada com o futuro dos funcionários na aposentadoria decidiu implantar um programa de treinamento para depois da carreira na empresa. Há uma semana a própria Maria Betânia está aposentada.
“Este treinamento quer levar o empregado a refletir sobre a sua carreira e se preparar para o desligamento da empresa, quais os projetos que ele pretende realizar, alguns sonhos que ficaram guardados e que agora ele terá tempo para colocar em prática”, diz ela.
“A medida que eu ia elaborando este projeto, eu ia refletindo sobre a minha carreira, meus projetos”, continua.
Se a intenção é aproveitar o tão merecido descanso depois de anos de trabalho, a Fátima Ribeiro está fazendo isso muito bem. “Só aproveitar, viajar, passear, curtir os filhos, as netas, tudo de bom e agradecer a Deus por este momento que eu estou vivendo”, diz Fátima Ribeiro, aposentada.
Publicado em 18/02/2010
Fonte: http://g1.globo.com/jornalhoje/










