“Cinquentões” e “sessentões” resolveram se casar. Nos últimos cinco anos (2003 a 2008), o ritmo de casamentos envolvendo homens com 50 anos ou mais cresceu muito acima do das uniões envolvendo homens mais jovens, apontam as Estatísticas do Registro Civil de 2008, divulgadas pelo IBGE. Além da dificuldade do homem mais velho em viver sozinho, novos medicamentos, como o Viagra, a importância da aposentadoria na renda de algumas regiões do país e a expansão dos benefícios assistenciais para idosos são explicações apresentadas por pesquisadores que estudam a terceira idade ou por economistas preocupados com as contas da Previdência Social – a mulher, ao ficar viúva, herda a aposentadoria na forma de pensão.Como crescem mais rapidamente que a média, os casamentos envolvendo homens com 50 anos ou mais respondem por uma fatia maior das uniões totais ocorridas no país. Em 2008, eles equivaleram a 7% dos 959.901 matrimônios realizados no Brasil inteiro. Cinco anos antes, foram 5,7% do total de 748.981. A proporção ainda é pequena, mas crescente.
Entre 2003 e 2008, o total de casamentos no Brasil aumentou 28,6%, ritmo superado de longe pela alta de 76% dos matrimônios de homens entre 50 e 54 anos e de 75,6% entre aqueles com 55 e 59 anos. As uniões envolvendo homens entre 60 e 64 anos, por sua vez, subiram 51,3%; e entre os com mais de 65 anos, 35%. Em termos relativos, os maiores aumentos ocorreram nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste – os casamentos de homens nordestinos entre 50 e 54 anos subiram 93% entre 2003 e 2008.
Como a maior parte dessas uniões ocorre com mulheres mais novas, alguns analistas advertem para o impacto dessa tendência sobre as contas da Previdência. Além de o Brasil ter um sistema bastante generoso de pensão por morte – o benefício é integral e vitalício, não tendo vinculação à existência de filhos, por exemplo -, a expectativa de vida dos brasileiros tem aumentado a um ritmo razoável nos últimos anos.
Para o economista José Márcio Camargo, da Opus Gestão de Recursos, a combinação de generosidade na concessão dos benefícios com a maior longevidade da população tende a se traduzir, nos próximos anos, em mais um aumento no custo da Previdência, para ele o “maior problema fiscal do Brasil”. A professora Margarida Gutierrez, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), também considera essa tendência preocupante, embora acredite que há problemas mais graves na Previdência, como a falta de idade mínima para a aposentadoria, situação que vigora em pouquíssimos países do mundo, como Irã, Iraque, Egito e Equador. Em outubro, as pensões por morte respondiam por 28% dos 23,4 milhões de benefícios previdenciários e acidentários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Publicado em 08/12/2009










