A longevidade, dizem os especialistas, depende de uma série de fatores, inclusive hereditários. Mas não custa dar uma forcinha para o organismo suportar o tranco da idade. De preferência, unindo mente, espírito e corpo. Tudo faz parte de um mesmo todo, alerta a psicoterapeuta Amanda Spinicci, que clinica em São Paulo e tem entre seus pacientes gente da terceira idade.
– O problema principal do idoso, de ordem emocional, é o luto. Luto no sentido de perda: o que ele tinha e fazia e deixou de ter e fazer devido às limitações da idade. O que ele precisa saber é que surgem outras coisas para substituir as perdidas. E que envelhecer bem é resultado de um conjunto de fatores durante a vida inteira. Por isso é preciso manter uma vida saudável física e emocionalmente. E isso inclui prazer, curtir a vida – diz a psicóloga.
O produtor musical Milton Manhães, 62 anos, não conhece a doutora Amanda. Mas segue direitinho a cartilha:
– Eu vivo o meu momento, não sei o que vai acontecer comigo amanhã. Então a gente tem que viver a vida. Enquanto o sangue está correndo na veia, tem que agitar. Nunca fumei, nunca bebi, isso ajuda bastante. A gente tem que estar legal, porque, se não estiver bem, deixa passar o melhor da vida.
O pique ele conserva com exercícios físicos e um trabalho que lhe dá prazer: a música. Jeitão de bom malandro do samba, Manhães, que recentemente assinou a direção musical do show do cantor Jair Rodrigues no Rio de Janeiro, emenda:
– Comigo não tem essa de “meu pé me dói”, meu amigo – brinca.
Palavras sábias que o professor de educação física Wilson Toledo, 40 anos, com uma coleção de alunos da terceira idade, certamente aplaudiria. Há dois anos com uma turma de alongamento composta em maioria por gente acima dos 60 anos, ele conta que no início eram oito ou dez alunos. Hoje, são mais de 30 no mesmo horário.
– O aumento da procura tem sido muito. Acabaram para eles os mitos de que musculação é só para ficar forte e de que ginástica é só para garotinho ou garotinha. A ginástica e a musculação são importantes para qualquer idade. Tenho alunos de 60 a 87 anos que praticam atividades regularmente e vivem com qualidade de vida excepcional.
Oferecer qualidade de vida. Este é o desafio dos profissionais da área de saúde, segundo o geriatra Renato Veras. Com o aumento da expectativa de vida da população – “a grande conquista do século XX”, segundo o médico – o pessoal da terceira idade tem agora é que batalhar por ela, a tal qualidade de vida.
– Hoje as pessoas conseguem chegar aos 80 e até 100 anos com mais freqüência. A questão que se coloca é como fazer que esses anos a mais possam ser bem usufruídos. O tempo de vida da população não pára de crescer e o papel da área médica é permitir que vivam de forma participativa e dinâmica – diz Veras.
Publicado em 28/12/2009
Site: http://oglobo.globo.com/










